quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Uma em cada 10 manicures tem hepatite
A melhor forma de se prevenir é usar luvas e esterilizar os intrumentos
Que existem chances de transmissão de algumas doenças por meio dos instrumentos usados para fazer unha muitas pessoas já sabem. Mas, o que a maioria não desconfia é que a profissional é também vítima do contágio das hepatites B e C. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde na cidade de São Paulo, cujos dados apontam que uma em cada 10 manicures tem a doença. Ao total, oito delas apresentaram o tipo B, enquanto as outras duas possuem o tipo C.
No estudo realizado entre 2006 e 2007, foram entrevistadas 100 participantes das quais 50 trabalham em shoppings centers e o restante em salões de beleza localizados em alguns bairros da capital paulistana. Servem de alerta também outras duas constatações, como a falta de utilização de medidas de biossegurança para evitar a transmissão dos vírus e ainda a desinformação em relação ao risco de contágio dentro da atividade que exercem. Para se ter idéia, 72% desconhecia as formas de transmissão da hepatite B e 85% não sabia como se pega hepatite C. Além disso, 45% acreditava não transmitir nenhuma doença a seus clientes.
Segundo Paulo Olzon Monteiro da Silva, infectologista chefe da disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a melhor maneira de prevenção é conhecer os riscos de transmissão envolvidos na profissão. "Para a hepatite B existe vacina e é aconselhável que alguns profissionais, como dentista e manicure, passem pela vacinação", afirma. "Outra boa prática é usar luvas sempre", aconselha o médico.
E embora a vacina esteja disponível gratuitamente às profissionais da categoria no Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa mostrou que 74% das manicures não estão imunizadas.
"O grande problema é que essas profissionais usam o mesmo instrumental para tirar a própria cutícula", afirma Andréia Cristine Deneluz Schunck de Oliveira, enfermeira do Instituto Emílio Ribas responsável pelo estudo. "Como em geral não adotam os cuidados de biossegurança, é bem provável que estejam se contaminando com a hepatite e transmitindo o vírus também às suas clientes", diz a enfermeira.
O infectologista Olzon diz que todos os materiais usados na realização da manicure e pedicure (alicate de cutícula, cortadores de unha, espátulas) devem ser lavados com detergente antes da esterilização. O melhor aparelho voltado para isso é o autoclave, usado somente por 26% das entrevistadas. Dentre as participantes da pesquisa, 8% utiliza até forno elétrico e 2% contou não usar nenhum método para esse fim.
Conheça um pouco sobre as hepatites B e C:
Hepatite B
O que é: inflamação do fígado causada pelo vírus HBV.
Transmissão: o contágio é feito por meio de transfusão de sangue, contato sexual sem camisinha e perfuração por objetos contaminados.
Prevenção: tomar vacina.
Diagnóstico: realizado por meio de sorologia, ou seja, exame de sangue no qual detecta a presença de anticorpos contra o vírus HBV.
Sintomas: cansaço, indisposição, dor nas juntas, fezes claras, urina escura e icterícia (coloração amarelada das mucosas e da pele). Em alguns casos, ainda há febre.
Tratamento: realizado com Interferol. "A medicação é injetada na veia e, por ser um tratamento delicado, é indicada internação", afirma Olzon. "Há efeitos colaterais graves, como queda de cabelo e infecções por causa da redução da resistência", explica o médico.
Riscos: insuficiência hepática e câncer de fígado. Em casos severos, necessidade de transplante de fígado.
Hepatite C
O que é: inflamação do fígado causada pelo vírus HCV.
Transmissão: o vírus é contraído por meio de materiais contaminados.
Prevenção: não existe vacina contra o vírus HCV.
Diagnóstico: realizado por meio de sorologia, ou seja, exame de sangue no qual detecta a presença de anticorpos contra o vírus HBV.
Sintomas: "Geralmente, o paciente descobre a hepatite C por acaso quando realiza um exame de sangue", diz o infectologista. "O vírus desse tipo de hepatite evolui lentamente e a pessoa não percebe", explica Olzon.
Tratamento: também realizado com prescrição de Interferon.
Riscos: insuficiência hepática, sendo necessário em alguns casos, o transplante de fígado.
Redação Terra
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