quarta-feira, 30 de junho de 2010

50 anos de cachaça INDAIAZINHA


Lançada no mercado em 1958 pelo produtor Valdete Romualdo da Silva, a cachaça Indaiazinha se tornou em uma das marcas mais tradicionais de Salinas. Produzida inicialmente na fazenda Sobrado, próximo ao povoado do Indaiá, é atualmente produzida na fazenda Sobradinho, na Serra dos Bois, na zona rural do município. A produção é limitada e envelhecida cerca de 6 anos. Uma verdadeira iguaria para os amantes de uma boa cachaça artesanal.

No início da produção em 1958, amigos de Valdete Romualdo o acharam louco pela decisão de produzir cachaça. Até então somente haviam poucas marcas de cachaça em Salinas, a Havana (1943) do produtor Anísio Santiago, Piragibana (1955?) do produtor Nei Corrêa, dentre outras.

De olho no sucesso das duas marcas Valdete Romualdo foi insistente e o negócio deu certo. Tanto que na primeira safra toda a produção foi vendida. É fato incontestável que Valdete Romualdo faça parte do rol de produtores pioneiros de Salinas ao lado de Anísio Santiago, Ney Correa, dentre outros. Foram determinantes na transformação do município na mais importante região produtora de cachaça artesanal de qualidade na atualidade em todo o território brasileiro.

Hoje são mais de 50 marcas e produção anual de mais de 5 milhões de litros. O agronegócio da cachaça de Salinas é uma realidade pelo pioneirismo de produtores como Valdete Romulado, Ney Correa, Anísio Santiago, dentre outros, que acreditaram em uma atividade econômica que poderia vingar no município. Eles estavam certos. A cachaça de Salinas é uma incrível realidade. Basta visitar os stands do Festival Mundial da Cachaça para ver o público delirar com a qualidade e requinte das garrafas expostas.

Degustadores de todo o Brasil apreciam e admiram a qualidade da cachaça de Salinas.Em homenagem aos 50 anos da marca Indaiazinha, o produtor Valdete Romualdo da Silva recebeu justa homenagem pelos organizadores do VII Festival Mundial da Cachaça de Salinas pela sua trajetória pioneira que soube forjar uma marca de cachaça de excelente qualidade: Indaiazinha.

Maicon Bianchi e Eduardo Monteiro fazem uma espetacular pescaria de Robalos em Salinas interior no estado do Pará.

Cachaça Mineira - Destilaria Barrosinha


Segundo o último levantamento quantitativo de produtores de cachaça de Minas Gerais, realizado pelo IBGE em 1995, havia no território mineiro cerca de 8,5 mil alambiques de cachaça formais e informais. Sabe-se que o índice de informalidade do setor é elevado. Pesquisa realizada na Receita Estadual, entre o período de 2005 a 2008, constatou-se que o percentual de informalidade do setor é elevadíssimo tomando-se o ano de 1995 como referência, tendo em vista que desde então o IBGE não realizou novo levantamento quantitativo de produtores de cachaça (contribuintes).

No ano de 2005, em Minas Gerais haviam 563 estabelecimentos produtores cadastrados (6,62%) que recolheram ao erário mineiro 1,560 milhão de reais de ICMS. Salinas, principal produtor estadual, foi responsável por 41,53% do total arrecadado (36 produtores).

No ano de 2006, houve redução para 336 estabelecimentos produtores (3,95%). A arrecadação de ICMS foi de 1,522 milhão de reais, sendo que Salinas respondeu com 45,74% do total (23 produtores).

No ano de 2007, em relação ano anterior, houve uma ligeira elevação do número de produtores, que saltou para 368 (4,32%). O ICMS teve expressiva arrecadação de 3,331 milhões de reais. Salinas participou com 31,31% (31 produtores).

Em 2008 (janeiro a junho), o número de produtores caiu para 288 (3,38%). Em compensação, a arrecadação de ICMS subiu para 3,240 milhões de reais. A expectativa é que até o final do ano a arrecadação ultrapasse 5 milhões de reais. A participação de Salinas, até junho, foi de 16,30% (25 produtores).

Diante dos números conclui-se que o índice de informalidade continua elevado (acima de 90%). Em 2005, a formalidade representava apenas 6,62%. Em 2008, caiu para espantosos 3,38%. O fato é que ao longo dos últimos anos houve maior competividade no agronegócio da cachaça mineira. O processo de globalização da economia brasileira e mineira ao longo dos últimos anos, além de uma carga tributária elevada (além da competição desigual dos informais que nada recolhem de impostos e representam mais de 90% de toda a cadeia produtiva) tem provocado migração de muitos produtores da formalidade para a informalidade. Tal fato é preocupante, pois pode provocar retração irreversível de todo um processo realizado desde o início da década de 1990 com objetivo de otimizar e qualificar a produção artesanal da cachaça mineira (Projeto Pró-Cachaça).

Por outro lado, não se pode esconder que está havendo uma seleção natural de produtores no mercado pelo consumidor. O produtor de cachaça que não percebeu a evolução e modernização do mercado foi "expulso" para a informalidade ou mudou de profissão. A tendência de mercado é que a médio prazo haverá no máximo 150 produtores de cachaça formais em Minas Gerais.

ALÍQUOTA (nome engraçado ao imposto federal!)

Produtores de bebidas devem ficar atentos em todo o país. A partir de 1º de outubro de 2008, o governo federal vai subir em cerca de 30% as alíquotas do Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) para a maior parte das bebidas alcoólicas destiladas e fermentadas. O aumento vale para cachaça, vinho, vodka e uísque, mas deixa de fora a cerveja, que se enquadra em outras regras de tributação.

A Receita Federal do Brasil informa que o reajuste ocorre porque desde 2003 a alíquota não muda e se faz necessário alinhar o imposto dessas bebidas. O IPI sobre uma garrafa de uísque importada deve passar de cerca de 14 para 17 reais. No caso de uma garrafa de cachaça, produto mais barato, o IPI sobe de cerca de 34 para 39 centavos de real. Para o vinho, a nova tarifa ficará na faixa entre 23 centavos e 17,39 reais, dependendo da qualidade do produto.

Video você vai ver como é feito a Cachaça Artesanal de Alambique. A Destilaria Barrosinha produz cachaça mineira artesanal de alambique de alta qualidade, num processo orgânico, auto-sustentável e ecologicamente correto, onde não ha perda em nenhuma etapa. Da cana de açúcar se faz o caldo de cana, da garapa a cachaça, do bagaço o combustível para acender e manter o fogo no alambique, das partes impuras da cachaça, 10% inicial(cabeça) e os 10% final(cauda), se faz ethanol, ou álcool combustível para rodar no carro.

Ranking revista Playboy da Cachaça


Não é de hoje que a cachaça vem ocupando espaço junto ao consumidor. Os meios de comunicação, antenados com a valorização da bebida no mercado interno e externo, vem divulgando a legítima bebida brasileira. O preconceito ainda existe, mas já diminuiu bastante. A conceituada revista PLAYBOY (edição de agosto 2009) publica seu quarto ranking de cachaça. Juntou vários especialistas e fez lista definitiva das 20 melhores cachaças do país. Das eleitas, 8 são de Minas Gerais (sendo que 4 figuram entre as primeiras colocações), 4 do Rio de Janeiro, 2 de São Paulo, 2 do Rio Grande do Sul, 2 de Santa Catarina e 2 da Paraíba. A campeã eleita foi a mineira Anísio Santiago/Havana. As marcas por ordem de classificação, foram:

1º. Anísio Santiago/Havana (Salinas, MG), 2º. Vale Verde (Betim, MG), 3º. Claudionor (Januária, MG), 4º. Germana (Nova União, MG), 5º. Magnífica (Vassouras, RJ), 6º. Canarinha (Salinas, MG), 7º. Maria Izabel (Paraty, RJ), 8º. Tulha (Mococa, SP), 9º. Casa Bucco (Bento Gonçalves, RS), 10º. Volúpia (Alagoa Grande, PB), 11º. Nega Fulo (Nova Friburgo, RJ), 12º. Armazém Vieira Ônix (Florianópolis, SC), 13º. Armazém Vieira Tradicional (Florianópolis, SC), 14º. Tabaroa (Bichinho, MG), 15º. Santo Grau (Coronel Xavier, MG), 16º. Sapucaia Velha (Pindamonhangaba, SP), 17º. Weber Haus Reserva Especial (Ivoti, RS), 18º. Dona Beja (Araxá, MG), 19º. Serra Preta (Alagoa Nova, PB), 20º. Rochinha 12 anos (Barra Mansa, RJ).

O ranking da PLAYBOY já virou tradição em suas quatro edições. A revista tem dado sua contribuição para que o destilado seja motivo de orgulho do povo brasileiro.

Em 2007 (edição de abril), os jurados do terceiro ranking elegeram a marca Vale Verde (Betim, MG) como campeã e a Anísio Santiago/Havana (Salinas, MG) como vicecampeã. Na reportagem, o especialista Ségio Arno ensina os dez mandamentos da boa cachaça.

Em 2003 (edição de agosto), veio o segundo ranking. Foram eleitas 28 marcas divididas em três categorias: cachaça industrial, de alambique e premium. Na categoria industrial, a campeã foi Caninha 21 e a vicecampeã foi Oncinha. Na categoria Alambique, a campeã foi Samba & Cana e a vicecampeã Vale Verde. Na categoria Premium, para marcas requintadas, a campeã foi GRM e a vicecampeã foi Piragibana.

Em 1990 (edição de abril), a revista publicou seu primeiro ranking tendo como campeã a marca Anísio Santiago/Havana e a Biquinha como vicecampeã, ambas da região de Salinas. A reportagem traz o seguinte comentário sobre a campeã: “A Havana traduz muito bem a tradição artesanal de uma família que há décadas faz boas cachaças. Fabricada por Anísio Santiago na Fazenda Havana, na cidade de Salinas, essa purinha conta entre seus apreciadores com personalidades que vão do senador Severo Gomes ao verde Fernando Gabeira, do ator Walmor Chagas ao ex-governador mineiro Hélio Garcia. Difícil de encontrar – mas não impossível. (...) A Havana pode custar o equivalente a um uísque 12 anos. Um bom preço para tanta qualidade e tradição”.

Um fato curioso no ranking elaborado pela revista PLAYBOY. A marca Anísio Santiago/Havana, atual campeã, é a única marca presente em todas as edições sempre nas primeiras colocações (primeiro lugar em 2009, segundo lugar em 2007, quarto lugar em 2003, na categoria premium e primeiro lugar em 1990). O fato demonstra a tradição e qualidade dessa marca no mercado brasileiro ao longo dos anos. Maurício Maia, um dos degustadores do ranking 2009, diz que “A Anísio Santiago/Havana é uma cachaça superlativa na imagem, no aroma e no sabor. Há um certo mistério que envolve a produção. É difícil saber onde acaba a bebida e começa o mito”. Para o também degustador do ranking, Rodrigo Oliveira, “A cachaça é inconfundível”.

Postado por Roberto C. Morais Santiago

Patrimonio Cultural Imaterial Cachaça Havana. Trabalho da disciplina de história e patrimonio cultural do curso de Gastronomia da UNIVALI, primeiro periodo 2010.

Anísio Santiago, Havana (Menago)


O Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, concedeu no dia 3 de novembro de 2009, o registro da marca ANÍSIO SANTIAGO, no segmento de produção de aguardente de cana em favor da empresa Indústria e Comércio de Aguardentes Havana (Menago) Ltda., localizada em Salinas, norte de Minas. A concessão está registrada na RPI nº. 2026 e tem validade até o dia 3 de novembro de 2019, portanto, dez anos.

Levando em conta o aumento da competitividade em todos setores da economia, a marca é importante instrumento do negócio de qualquer empresa. Segundo o consultor de marketing, Roberto Monti, “O consumidor desenvolve preferências por marcas e criam expectativas em torno dela”. A marca é elo de ligação entre empresa e consumidor. O registro de marca cria identidade permanente de um produto no mercado.

A marca ANÍSIO SANTIAGO tem peso no mercado de produção de aguardente no Brasil. É sucessora da marca HAVANA, da mesma empresa, cujo impasse sobre o registro está sendo discutido judicialmente. A marca HAVANA é comercializada no mercado sob liminar.

Entrevista Antônio Rodrigues - VI Festival Mundial da Cachaça - Salinas 2007

Cachaça de Salinas

A primeira edição da revista RAIZ (nov/2005) traz interessante reportagem sobre a cachaça de Salinas.

APRECIE A MODERAÇÃO
Por Afonso Capelas Jr. - Foto de Izan Petterle

Uma visita a Salinas, a cidade que produz a melhor cachaça do mundo, utilizando o mesmo processo há mais de 50 anos, sem pressa e sem se render ao lucro fácil.

“MUITA PACIÊNCIA, NENHUMA USURA.” Em vida, o fazendeiro Anísio Santiago tinha prazer em repetir à exaustão o lema que considerava ser o verdadeiro responsável pelo espírito da cachaça artesanal que produziu desde 1943, em Salinas, cidade do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Era assim, sem pressa nem pretensão de enriquecer, que o velho Anísio destilava seu precioso líquido, a aguardente Havana. Quem já teve o privilégio de molhar a boca com esse néctar dos deuses sabe que não é uma bebida qualquer. Cada gole da Havana corresponde a sorver uma fina tradição regional que envolve desde o plantio da cana-de-açúcar, o corte manual, seu paciente transporte em rústicos carros de boi, até o engarrafamento da bebida.

É dessa forma que Salinas mantém a tradição das melhores cachaças artesanais do mundo, elaboradas com a boa e velha calma mineira. Da região de Salinas provêm cerca de 50 marcas, apreciadas em vários países. Canarinha, Asa Branca, Erva-Doce, Seleta, Saliboa, Boazinha, Beija-Flor, Cubana. Mas apesar da grande quantidade de nomes, a qualidade se mantém com produções mínimas. Dos quase 2 bilhões de litros que o Brasil produz todos os anos, apenas 2,6 milhões saem das pequenas destilarias de Salinas.

Anísio Santiago faleceu no final de 2002, aos 91 anos, um ano depois de ver-se obrigado a trocar o nome de sua cachaça por causa de uma pendenga judicial com a empresa francesa Pernod Ricard, proprietária do rum Havana Club. A garrafa da bebida passou a receber o rótulo Anísio Santiago, sem alterar em nada seu conteúdo. No dia 28 de outubro último, no entanto, os filhos do fazendeiro ganharam na Justiça o direito de voltar a usar o rótulo Havana – uma vitória que faz jus ao esmero com que administram o nobre legado. “É um compromisso com o nosso pai e com nossos consumidores cativos”, garante o filho Osvaldo Santiago.

O mestre cachaceiro era uma espécie de ícone na região do sertão mineiro, tradicional produtora da “branquinha”. Em 1942 comprou a fazenda Havana, localizada na serra dos Bois, a 18 quilômetros do centro de Salinas, e um ano depois tocava sua pequena produção de cachaça. Naquela época, a vizinha Januária, à beira do rio São Francisco, já era famosa pela sua aguardente, produzida desde o final do século 19. Toda aquela região mineira, aliás, tem pequenas mas valiosas características naturais que fazem sua cachaça especial: clima e temperatura ideais, tipo de solo, tudo, enfim, conspira para que a bebida seja simplesmente a melhor do Brasil e do mundo.

De início, a aguardente de Anísio era comercializada a granel, em barris, na própria região. Quatro anos mais tarde, por volta de 1947, ele passou a engarrafar a bebida e a identificá-la com a marca Havana no rótulo. Lançou moda. Foi a primeira vez que um produtor da região identificava a origem de sua cachaça. O fazendeiro tinha lá suas esquisitices. Nunca se deixou fotografar, era avesso a entrevistas, vivia com um par de tênis cortados nas laterais para aliviar a dor de seus calos e não vendia sua cachaça para qualquer aventureiro que batesse à porta de sua casa. Era apaixonado pelo seu caminhão Chevrolet 1946, a ponto de não deixar que ao menos encostassem um dedo nele. Teimoso, não havia quem lhe convencesse de que era preciso aumentar o número de garrafas para atender à crescente demanda. Não abria mão da qualidade.

Esse tipo de comportamento ia contra a lei da oferta e da procura. Ele fazia exatamente o contrário, desde 1950. Segurou a produção e a deixou envelhecer”, revela o neto Roberto Carlos Santiago. Interessado pela história do avô, Roberto escreveu o livro O mito da cachaça Havana-Anísio Santiago, a ser lançado no início do próximo ano.

Não é à toa que uma garrafa da genuína Anísio Santiago é vendida a R$ 150 no comércio de Salinas. Nas principais capitais brasileiras, não sai por menos de R$ 250. Já as lendárias garrafas com rótulo Havana são disputadas por não menos de mil reais. Uma delas está numa barraca do Mercado Municipal de São Paulo, à espera de algum abastado apreciador de boa bebida disposto a desembolsar inacreditáveis R$ 15 mil. Há quem diga que um freguês chegou a oferecer R$ 7 mil ao proprietário da loja, proposta recusada sem hesitação. Hoje a produção da cachaça Anísio Santiago não passa dos 12 mil litros anuais e é elaborada como há mais de meio século.

NA FAZENDA HAVANA, assim como nas outras destilarias da região, a cana – de uma espécie conhecida como java – é cultivada sem nenhum tipo de agrotóxico. O solo impregnado de calcário do Vale do Jequitinhonha garante grande teor de açúcar à cana. Sua baixa acidez resulta no sabor suave da bebida. E as temperaturas e a grande luminosidade favorecem o crescimento de fungos só encontrados ali. Eles compõem o mosto para fermentar a garapa, junto com palha de arroz e farelo de milho torrado. A fermentação é feita em dornas de madeira carpidas na região.

A fase seguinte é o aquecimento e a destilação em alambiques de puro cobre. A cachaça começa a esvair-se aos pingos, mas os primeiros litros serão descartados. É a chamada “cabeça” da bebida, muito forte e impura. Também é jogada fora a última parte da extração, o “rabo”, aguado e sem valor. Somente o “coração” da cachaça, os mais nobres litros de toda a produção, é aproveitado.

A Anísio Santiago é envelhecida durante oito anos em barris de madeira bálsamo, antes de ir para o engarrafamento. Outras cachaças da região descansam, em média, dois anos em tonéis de bálsamo, ipê ou umburana. Nessa etapa, alguns segredos são mantidos a sete chaves pelos cachaceiros artesanais. “Cada produtor descobre a seu modo, pelo empirismo, como conseguir melhor qualidade para seu produto”, diz Roberto Santiago.

Certo mesmo é que a tão propagada paciência não foi abandonada e ainda faz a diferença. Quando despejada no copo, a cachaça artesanal de Salinas forma uma espécie de colar de pequenas bolhas de ar nas bordas. O líquido é denso, quase oleoso. O aroma, suave e agradável. O sabor, único.

As outras pequenas destilarias artesanais de Salinas também mantêm produções controladas. “A pureza e a qualidade das nossas cachaças é ponto de honra”, garante João Moraes Pena, presidente da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs). Na esteira do sucesso da Havana, houve um aumento significativo de novas marcas de caninha na cidade, entre as décadas de 1970 e 1980. Marcas que também se tornaram sinônimo de qualidade, como Sabiá, Teixeirinha, Indaiazinha, Salineira. Atualmente a associação reúne 36 das 41 destilarias artesanais da cidade. Segunda principal economia de Salinas – só perde para a produção de telhas e tijolos –, a fabricação artesanal da aguardente emprega perto de 1.500 pessoas.

Não é só. Uma nova geração de cachaceiros está por vir. Em julho do ano que vem, a Escola Agrotécnica Federal de Salinas abrirá matrículas para o vestibular do primeiro curso para a produção de cachaça do Brasil e, é claro, do mundo. Reconhecido pelo Ministério da Educação, o curso terá duração de três anos e nada menos que 31 disciplinas. Ao final, um novo profissional estará disponível no mercado: o tecnólogo em cachaça.

Na contramão desse ritmo, a paciência e pouca ambição foram deixadas de lado pelos cachaceiros artesanais de Januária – distante cerca de 380 quilômetros –, o que levou à decadência seu principal produto, em meados da década de 60. “Com a ganância, muitos abriram mão da tradição e passaram a comprar bebida industrializada para engarrafar”, diz Antônio Rodrigues, o maior produtor de cachaças de Salinas.

Com a imagem arranhada durante anos, alambiques centenários de Januária fecharam suas portas e a economia ruiu. Agora Januária tenta recuperar seu prestígio. Seis anos atrás foi criada uma associação de cachaceiros artesanais para reviver os áureos tempos, com as marcas Princesa Januária e Januária Sedutora, ambas com produção limitadíssima e controle de qualidade apurado. Quem sabe assim será possível voltar a competir de igual para igual com a vizinha Salinas? Ganham os degustadores da mais brasileira das bebidas.

UMA DOSE DE HISTÓRIA. De como a cachaça saiu da boca dos escravos para a dos embaixadores brasileiros, passando pela garganta de Tiradentes.

Aguardente, birita, caninha, parati, pinga, abrideira, branquinha, danada, espírito, elixir, homeopatia, malvada, remédio, água benta, água que passarinho não bebe, arrebenta-peito, mata-bicho, tira-juízo. A história da bebida cheia de apelidos começou com a introdução da cana-de-açúcar em terras brasileiras pelos colonizadores portugueses. Nos engenhos, os empregados extraíam a bebida da garapa azeda da cana, rejeito decorrente da produção de rapadura. Era oferecida aos escravos para vencer a depressão e suportar a lida diária. Os senhores de engenho também utilizavam a aguardente para amolecer as carnes dos porcos, que chamavam de cachaços, daí a origem do nome mais conhecido. Depois caiu no gosto das camadas menos privilegiadas da sociedade colonial. E desde então, a cachaça ficou estigmatizada como bebida de pobre.

A Coroa portuguesa, incomodada com tamanha popularidade entre os menos abastados, tentou proibir a produção e o comércio da aguardente, que já ganhava certa autonomia econômica. Durante os séculos 17 e 18, pequenos produtores abasteciam os vilarejos habitados por exploradores de ouro das Minas Gerais, grandes consumidores da aguardente que esquentava as noites frias nas montanhas. Acabou por tornar-se moeda de troca, junto com o fumo, no tráfico de escravos.

A partir de então a bebida genuinamente brasileira tornou-se símbolo de resistência nacionalista. Tiradentes, momentos antes de ser enforcado em praça pública, teria feito seu último e provocativo pedido: “Molhem minha goela com cachaça da terra”.

Com a produção cada vez mais refinada e novas técnicas de envelhecimento, a bebida rompeu fronteiras sociais, freqüentando festas palacianas e ganhando apreciadores ilustres, como d. Pedro II. Hoje, a cachaça figura nas embaixadas brasileiras de vários países como nossa bebida oficial, é servida nos melhores restaurantes das principais capitais do país e é cultuada por degustadores das classes mais altas.

COMO CHEGAR A SALINAS:

Montes Claros é o melhor ponto de partida, distante apenas 229 quilômetros, pela BR-251, e com um aeroporto de médio porte capaz de receber vôos regulares a partir de São Paulo e Belo Horizonte. A Total Linhas Aéreas opera com vôos diários desde São Paulo, com escala em Belo Horizonte. A Ocean Air tem vôos, em jatos executivos, de segunda a sexta, desde São Paulo.

ONDE ENCONTRAR AS CACHAÇAS:

Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (APACS) – Boa opção para degustar e comprar várias marcas, sem a necessidade de percorrer todos os depósitos da cidade. Pode-se também agendar visitas aos principais alambiques (maio é a melhor época) para apreciar todo o processo de fabricação das cachaças. Os preços variam de R$ 5 a R$ 45, exceto a vedete Anísio Santiago, que chega aos R$ 150. Esqueça as garrafas com o rótulo Havana: elas já são raridade em Salinas.

Av. João Pena Sobrinho, 345. Tel.: (38) 3841-3431. Funciona de segunda a sábado, das 8h às 11h30 e das 13h às 17h.

Seleta e Boazinha Indústria e Comércio – Loja do produtor das marcas Seleta, Boazinha e Saliboa. Além de degustar e comprar algumas garrafas, é possível ouvir os “causos” do simpático proprietário, Antonio Rodrigues, que se gaba de ser o maior produtor da região.

Rua Barão do Rio Branco, 333. Tel.: (38) 3841-1254. Funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h, e sábado das 8h às 14h. www.cachacaseleta.com.br

Bar Trianon – O mais movimentado da cidade, durante a noite serve doses das melhores cachaças, inclusive a Anísio Santiago.

Rua Padre Salustiano, esq. com rua Barão do Rio Branco, no centro de Salinas.

ONDE FICAR:
Hotel Brasil Palace – Simples, mas limpo e aconchegante.
Rua Vereador Corinto P. de Castro, 70. Tel.: (38) 3841-1064.

ROTEIRO DA CACHAÇA
Atrativos: Conheça o processo de fabricação de um dos produtos simbolos de Minas Gerais: A "Cachaça de Alambique ". Roteiro histórico-cultural pela Estrada Real, Visita ao Alambique e Engenho Século XVIII o mais antigo do Brasil em funcionamento, e que a mais de 250 anos pertence aos descendentes do alferes Tiradentes. Posteriormente os participantes se dirijiram ao moderno alambique da Fazenda Jacuba considerado um dos mais modernos do país.
Duração: 03:00 Horas
Incluso: Transporte, monitoramento, degustações de cachaças Reservas: (32) 3355-1161

Cachaça ganha espaço no exterior

Recebi interessante texto que sai publicado na 9º. edição da revista PIB - Presença Internacional do Brasil, de autoria da jornalista Talita Zanetti, sobre o prestígio que a cachaça vem ganhando no exterior, sobretudo nos Estados Unidos.

Bebida aumenta seu mercado consumidor mas ainda precisa extirpar o rótulo de “Brazilian Rum”

A 9ª edição da revista PIB – Presença Internacional do Brasil, que chega às bancas esta semana, traz uma reportagem especial sobre a formação do mercado consumidor da cachaça nos Estados Unidos. O empresário Steve Luttmann – dono da cachaça líder de vendas no país, a Leblon – se engajou em uma campanha para educar os americanos sobre a cachaça e a caipirinha e fazer com que o governo reconheça a identidade da bebida, trocando o rótulo de “Brazilian Rum”.

O processo burocrático para retirar o nome de rum das cachaças brasileiras está chegando ao fim. O Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac) contratou um lobista e levou o problema à Embaixada do Brasil com o objetivo de mudar a classificação da bebida. “Não se pode trocar o valor cultural de um produto pelo critério científico, sem falar que o sabor da cachaça em nada lembra o rum”, explica Luttmann.

A Leblon é produzida no Brasil e cerca de 450 mil garrafas são exportadas por ano, espalhando potencialmente 7 milhões de caipirinhas pelo mundo. Nos Estados Unidos, a campanha de Steve se chama “Legalize Cachaça” e, no Brasil, “Salve a caipirinha”, já que muitas vezes utiliza-se vodka no drink. Exemplo de ação da campanha aconteceu quando o Rio de Janeiro foi eleito para ser a sede das Olimpíadas em 2016. A Leblon promoveu “caipi-hours” em bares de dez cidades americanas. A marca lidera o mercado nos Estados Unidos com um terço do total, seguida por Pitu, 51 e Sagatiba.


Sobre a revista PIB

A revista PIB - Presença Internacional do Brasil - é a primeira publicação voltada para todos os aspectos relacionados com a internacionalização da economia brasileira. O objetivo da revista é divulgar temas relacionados com a presença brasileira no exterior, com os benefícios que a internacionalização proporciona para as empresas e investidores brasileiros e com as vantagens geradas por esse processo para o conjunto da economia nacional.

Com direção editorial de Nely Caixeta, a revista tem periodicidade bimestral e circulação dirigida de 25.000 exemplares, sendo 17.000 em português e 8.000 em inglês. Com, no mínimo, 84 páginas e valor de R$ 10, a PIB também é distribuída entre presidentes e diretores das 1.000 maiores empresas brasileiras e autoridades do primeiro escalão do governo federal e dos governos estaduais. Além disso, a revista tem forte presença no exterior, sendo distribuída também em Portugal pelo valor de €3,00. A publicação chega às mãos dos principais dirigentes de organismos ligados às Nações Unidas, à Organização dos Estados Americanos, e também dos participantes dos programas internacionais da APEX Brasil e das missões do Itamaraty.

http://cachacadesalinas.blogspot.com/

Primeiro comercial, da campanha de 3, da cachaça Sagatiba, criado pela agência F/Nazca. Dirigidos pela Killers, de Claudio Borrelli.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Physalis = Juá

Usada na medicina popular e consumida in natura ou como ingrediente de receitas culinárias, a fruta tem potencial para gerar lucro ao pequeno e médio produtor. Num país de enormes proporções como o Brasil, não é de se estranhar que algumas plantas sejam conhecidas por nomes regionais diferentes. Mas, às vezes, também acontece o inverso: plantas distintas partilhando um único apelido. Quando isso ocorre, só mesmo o nome científico para evitar confusões. É assim com o juá, que tanto pode designar a saborosa Physalis angulata quanto a tóxica Solanum mammosum - não por acaso, também chamada de juá-bravo. Talvez isso explique o porquê de a primeira ter se imposto no mercado com sua denominação científica.

A physalis (lê-se fisális) é uma fruta comestível da família das solanáceas, a mesma do tomate, da beringela, da batata e do pimentão. Ela também é conhecida como camapum, saco-de-bode, mulaca, joá e joá-de-capote. Pequena, redonda e de cor verde, amarela, laranja ou vermelha, nasce em arbusto de caule ereto e ramificado - que pode atingir até 2,5 metros de altura quando tutorado. Em seu desenvolvimento, a physalis fica dentro de um casulo feito de folha fina e em formato de cálice. Cada planta produz de um a três quilos de frutos, que aparecem quatro ou cinco meses após o plantio

Rica em vitaminas A e C, fósforo e ferro, além de conter flavonoides, alcaloides e fitoesteroides, a physalis tem, ao mesmo tempo, sabor doce e ácido. Mais consumida in natura, ela também é ingrediente para molhos, compotas, doces, geleias, sorvetes e licores. Folhas, frutos e raízes são usados na medicina popular para combater diabetes, reumatismo crônico, doenças de pele, da bexiga e do fígado. Usada na culinária e dotada de componentes que beneficiam a saúde, a fruta é considerada uma ótima alternativa de plantio, que pode render lucros ao pequeno e médio produtor. A embalagem de 80 gramas de physalis importada custa de 8 a 10 reais no varejo paulista. Seu comércio é bastante explorado na Colômbia, um dos locais apontados como sendo de origem da fruteira - também há indicações de que ela seja proveniente da Amazônia. De ciclo rápido e rústico, pode ser plantada em qualquer época do ano e se adapta bem ao clima quente, embora tenha tolerância a ambientes frios. Mas a planta não gosta de excesso de umidade e é vulnerável a doenças fúngicas. Também é recomendada a adoção de métodos de prevenção contra pragas como broca pequena, tripes e ácaros.

SOLO: com muita matéria orgânica e pH entre 5,5 e 6
CLIMA: quente, mas tolera o frio
ÁREA MÍNIMA: um hectare para plantio comercial
CUSTO: R$ 225 o kit com 500 sementes, apostila e livro sobre a fruta

MÃOS À OBRA
INÍCIO Adquira sementes para começar a produção de physalis. A fruta não é muito exigente em cuidados, mas há no mercado uma apostila com orientações técnicas de cultivo que oferece instruções para iniciantes na atividade.

PLANTIO Pode ser realizado o ano inteiro, com preparação e correções do solo a partir de uma análise inicial das condições do terreno. O solo deve contar com bastante matéria orgânica e pH entre 5,5 e 6. Antes, faça o plantio em bandejas de isopor com 128 células, copos de plástico de 300 mililitros ou saquinhos de polietileno de 13 x 13 centímetros. Coloque uma semente em cada célula, que deve contar com substrato próprio para hortaliças. A germinação sob sombreamento de 30% leva de dez a 20 dias para ocorrer.

TRANSPLANTE Com entre 20 e 30 centímetros de altura, transfira as mudas para o local definitivo. Plante em duplas, lado a lado, e com distância de 30 centímetros entre uma e outra. Quando atingirem cerca de 80 centímetros de altura, faça o tutoramento com técnicas semelhantes às indicadas para o tomateiro.

TUTORAMENTO Acomode um bambu ou outra estaca com dois metros de altura entre as plantas, fixando-as com barbante, para dar firmeza até o fim da produção. A fruteira pode chegar a 2,5 metros de altura.

ESPAÇAMENTO São indicadas as medidas de 0,8 metro de distância entre plantas e entre 1,80 e 2 metros entre linhas.

CUIDADOS Em períodos de muita umidade, aplique calda bordalesa na proporção de 1% a cada 15 dias para evitar o ataque de doenças fúngicas.

No caso de combate a pragas, como broca pequena, tripes e ácaros, faça pulverizações a cada oito ou dez dias, principalmente após a colheita. Os defensivos podem ser adquiridos em lojas de produtos agropecuários, com orientação de engenheiros agrônomos, e usados na dose recomendada pelo fabricante. Para a irrigação das plantas, indica-se o sistema de gotejamento.

PRODUÇÃO Começa entre quatro e cinco meses após o plantio e chega a durar de seis a oito meses. Cada planta produz de um a três quilos de frutos, volume que depende do trato cultural realizado durante o desenvolvimento da physalis. Em um hectare podem ser instaladas de 6 mil a 12 mil plantas.

*Arnaldo Moschetto é pesquisador da Estação Experimental Santa Luzia Hortifruticultura Exótica, Rod. Amâncio Xavier da Costa, km 48,5, CEP 18250-000, Guareí, SP, tel. (15) 3258-2024, contato@frutasexoticas.com.br, www.frutasexoticas.com.br.

Onde comprar: sementes comuns e sementes melhoradas geneticamente, por meio de seleção, são vendidas pela Estação Experimental Santa Luzia, que também oferece orientação técnica de cultivo

Mais informações: a Estação Experimental Santa Luzia fornece apostila e livro com instruções de plantio da physalis, tel. (15) 3258-2024, contato@frutasexoticas.com.br

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Maitake: sabor na temperatura certa

Saiba como preparar um cogumelo de origem japonesa que começa a ser conhecido no Brasil e que pede tempo e temperatura certeiros no preparo para render o máximo de sabor

Texto: Aline Moraes

Maitake: cogumelo ainda pouco conhecido no Brasil, mas de grande potencial de consumo (Foto: Marcelo Min)

Os cogumelos caíram no gosto popular, e hoje em dia é fácil encontrar no mercado espécies antes restritas à alta gastronomia, como shiitake e shimeji. Agora, outra espécie, ainda pouco conhecida no Brasil, mas bastante produzida e consumida no Japão, promete continuar a saga dos fungos por aqui. É o maitake, um cogumelo produzido de forma bastante semelhante à do shiitake, mas com aparência, sabor e textura peculiares.

Para atingir o máximo de sabor, o maitake pede um jeito especial de preparação. 'Os japoneses não entendiam porque alguns restaurantes de Tókio ofereciam maitake e as pessoas diziam ter um sabor fantástico, e em outros diziam que não tinha gosto de nada', conta o fungicultor Iwao Akamatsu, de Sorocaba, SP, que está desenvolvendo a produção do maitake no Brasil. 'Então, uma universidade local decidiu pesquisar o porquê disso. Descobriu-se que o maitake possui substâncias que são transformadas termicamente em aromáticos, que dão aroma e sabor ao cogumelo.'

O segredo está na temperatura e no tempo de preparo. 'Eles comprovaram que, ao entrar em contato com o óleo a cerca de 180ºC, a superfície do maitake chegava rapidamente nesse ponto. Depois de retirado da panela, o calor ia gradativamente para o interior do maitake. Cerca de dois minutos depois, seu interior estava entre 70ºC e 80ºC, que são exatamente o tempo e a temperatura necessários para acontecer a transformação', conta Akamatsu.

Segundo o fungicultor, que sabe bem como preparar o maitake, o gostoso desse cogumelo é sua textura crocante. Por isso, é preciso cuidado na hora do preparo, para não perder o que ele tem de melhor.

Confira uma receita fácil de fazer, sugerida pelo próprio Akamatsu.

Talharim com Maitake (para 2 pessoas)

Ingredientes:
200g de maitake
4 dentes de alho
4 colheres de sopa de azeite
Sal a gosto

Preparo:
Doure o alho no azeite e acrescente o maitake 'despetalado'. Salteie no azeite por, aproximadamente, dois minutos em chama forte (não cozinhar demais para não perder a textura firme) e acrescente sal a gosto. Sirva com talharim cozido 'al dente'.

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Olha a onda aiiii gente....

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Seguindo rumo a 2012...