terça-feira, 17 de junho de 2008

Ayahuasca

Na última quinta-feira, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, anunciou que vai encaminhar ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) pedido de instauração de processo de reconhecimento do uso do chá ayahuasca em rituais religiosos como patrimônio imaterial da cultura brasileira. O chá é feito a partir do cipó de mariri e das folhas de chacrona. As substâncias psicoativas das duas plantas podem produzir alucinações no usuário. O anúncio foi feito durante cerimônia realizada no Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, também chamado de Alto Santo, em Rio Branco (AC). O ministro recebeu a solicitação em documento assinado por representantes dos três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras, e endossado pelo governador do Acre Binho Marques (PT), pelo deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa, além da deputada federal Perpétua Almeida (PC do B), articuladora do projeto de reconhecimento do uso ritual da ayahuasca.

Apesar das propriedades alucinógenas, o uso do chá é permitido no Brasil para ritos religiosos. O uso causa, segundo estudos científicos, alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarréia. A palavra ayahuasca tem origem indígena e é traduzida para o português de duas formas: “corda dos mortos” ou “vinho dos mortos”. Gil destacou que as religiões que utilizam o chá Ayahuasca (também conhecido como Vegetal ou Hoasca) são traços importantes da cultura brasileira, na aproximação dos homens com Deus. “Espero que nós possamos celebrar em breve o registro do ayahuasca como patrimônio cultural da nação brasileira”, disse o ministro.

Neste caso, específico, acrescenta-se o afeto em relação a outra dimensão importantísssima para a vida, que é a Natureza.”, completou. O ministro foi convidado para participar do II Congresso Internacional do Hoasca, nos dias 9, 10 e 11 de maio, em Brasília, onde pesquisadores, juristas, acadêmicos e membros dos três trocos fundadores das doutrinas ayahusqueiras (Alto Santo, União do Vegetal e Barquinha) vão debater os últimos estudos realizados com o chá. Gilberto Gil disse que o Iphan vai examinar “com todo zelo, carinho e responsabilidade” a solicitação. A programação do II Congresso Internacional da Hoasca, evento promovido pela religião União do Vegetal (UDV), encontra-se no site, onde também podem ser feitas inscrições.

Selma Santiago
Gostaria de acrescentar que o chá tem muito mais efeitos dos que os citados na matéria, que ressalta apenas os alucinógenos ou algum mal estar físico, que só ocorrem em algumas pessoas. Falo com a experiência de 10 anos de uso da Oaska em rituais religiosos e afirmo que, quem já o experimentou sabe o profundo mergulho que a pessoa faz nos seus próprios pensamentos a ponto de recordar situações guardadas no inconsciente e, a partir disto, resolver questões de origem emotivas que muito impedem o desenvolvimento emocional, psicológico e espiritual. Um chá de uso sagrado e de origem profundamente cultural. Mais uma vez nosso Ministro demonstra que somos um país de culturas. Parabéns Gilberto Gil!

Glauber Xavier
Gil me surpreende mais uma vez!
Nunca tive dúvidas sobre a natureza cultural desta bebida dentro dos cultos religiosos que a consagram como sacramento enteógeno. Vejo a ayahuasca como um caminho capaz de religar grupos em prol do verdadeiro respeito entre as diferenças. Qualquer análise feita sem a experiência da ingestão deste sacramento, vejo comumente equívocos, como os que eu mesmo cometi.


A ayahuasca re-surgiu de dentro do coração e da alma do povo brasileiro, vindos de todas as partes deste país para a o convívio amazônico, sobretudo em busca do “ouro” da borracha. É uma bebida chave de cultos autóctones, que trazem, assim como os cultos afro-brasileiros, essa sadia miscigenação e sincretismo, próprio das circunstâncias culturais na qual ela re-surgiu.

Acredito que o ministro sabe que, o que importa é o respeito - que temos que reconhecer como princípio fundamental entre as distintas culturas e crenças, para quem sabe um dia podermos ver a unificação da paz e a convivência harmônica das ricas e indispensáveis diferenças.

Eu, Maceioense, Alagoano, Nordestino, Brasileiro, Sul-Americano, Terráqueo, desejo, ao nosso querido IPHAN, atenção, discernimento e - sobretudo – lucidez, que é o que tem demonstrado as inúmeras pessoas que se beneficiaram da ayahuasca, inclusive eu, pois falo guarnecido por estudos teóricos e práticos.

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